Geoparque Caminho dos Canyons do Sul: guia completo
Formações geológicas, paleotocas, falésias, rochas de arenito – tem muita história para contar entre os paredões dos cânions localizados no Geoparque Caminho dos Canyons do Sul.
Reconhecido pela UNESCO como um geoparque mundial, o Caminho dos Canyons do Sul (ou Caminho dos Cânions do Sul) é repleto de história geológica, paleontológica e arqueológica. Um verdadeiro patrimônio do Brasil!
É neste parque que estão localizados o Cânion Itaimbezinho e a Cachoeira dos Borges, cada um em municípios diferentes, mas todos dentro do Caminho Cânions do Sul.
Para você entender isso da melhor maneira possível e saber qual a importância deste geoparque na biodiversidade e no turismo brasileiro, separamos algumas informações importantes para os visitantes.
O que é e como funciona o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul?
O Geoparque Mundial Caminhos dos Canyons do Sul é uma verdadeira maravilha da natureza e da cultura que abraça o sul do Brasil. Então, compreender como ele funciona é essencial para apreciar sua riqueza.
Este geoparque é uma área reconhecida internacionalmente pela UNESCO por sua relevância geológica, paleontológica e arqueológica. Além disso, é um espaço que promove a educação, a conservação e o turismo sustentável.
A diversidade geológica e geomorfológica do Cânions do Sul
O território do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul é de uma diversidade imensa, que garantiu a evolução de ecossistemas endêmicos.
Para você ter ideia da grandiosidade deste território, a Serra Geral, situada entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é uma formação rochosa que separa o planalto da planície costeira no sul do Brasil.
A Serra Geral tem até 1.000 metros de altura e fica perto do mar, onde sofre a ação erosiva que cria cânions espetaculares, com cachoeiras e piscinas naturais. Os rios que nascem na serra atravessam a planície até o litoral, formando lagos, dunas e praias.
Além disso, a região guarda um patrimônio subterrâneo: as paleotocas, cavernas feitas por animais pré-históricos que desapareceram há milhares de anos. Essas estruturas aumentam a singularidade dessa incrível paisagem.
Onde fica o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul?
Localizado no sul do Brasil, o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul está situado entre os estados de Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a 205 km da capital, Florianópolis.
Além de ser composto por dois estados, este Geoparque também abrange sete municípios, compreendendo uma área de 2.830 km². Por isso, a seguir, vamos conhecer os sete municípios, entre Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que integram o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul.
Como chegar?
Tanto o estado de Santa Catarina quanto o Rio Grande do Sul contam com aeroportos com voos regulares para o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul.
Você pode pegar a rodovia BR-101 (pelo litoral catarinense e gaúcho) ou a RS-020 (pela região serrana) para chegar ao seu destino.
Quais são os 7 municípios que integram o Geoparque Mundial Caminho dos Canyons do Sul?
O Geoparque Mundial Caminho dos Canyons do Sul é uma excelente colaboração entre vários municípios do sul do Brasil. Os 7 municípios que integram esse geoparque são:
- Cambará do Sul: Conhecido como a “Terra dos Cânions”, é um dos destaques desse geoparque. Com sua paisagem cênica, é um local imperdível para os amantes da natureza, de temperaturas baixas, e do popular Cânion Itaimbezinho.
- Jacinto Machado: Uma cidade que preserva seu patrimônio cultural e natural. Aqui, você encontrará sítios arqueológicos fascinantes que contam a história da região.
- Mampituba: Esta cidade é conhecida como a “Cidade dos Vales e das Cascatas” e local onde você encontra a famosa Cachoeira dos Borges.
- Morro Grande: Com sua paisagem exuberante, esse município abriga a maior Paleotoca do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul. É um dos destinos imperdíveis no âmbito do Geoparque.
- Praia Grande: A cidade abriga um dos cânions mais famosos da região: o Cânion Malacara. Além disso, é lá onde fica a famosa trilha Rio do Boi.
- Timbé do Sul: Outro município onde os turistas podem desbravar uma Paleotoca de quase 50 metros, conhecida como Toca do Tatu.
- Torres: Torres é famosa por seu sítio geológico na planície costeira do Rio Grande do Sul, composta por dunas, vegetação de restinga e campos secos. É lá onde está o Parque Estadual do Itapeva (PEVA).
Quais os geossítios fazem parte do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul?
Os geossítios do Caminho dos Canyons do Sul são verdadeiras obras de arte geológicas e paleontológicas. Separamos abaixo, os cânions, cachoeiras e sítios arqueológicos, de acordo com cada município deste geoparque.
Cambará do Sul/RS
Cânion Itaimbezinho
Uma das atrações mais impressionantes do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul é o Cânion Itaimbezinho (dentro do Parque Nacional Aparados da Serra), que se destaca pela sua forma e dimensão.
Ele foi esculpido pela ação da água sobre as rochas vulcânicas da formação Serra Geral, que apresentam falhas e fraturas que facilitam a erosão. Como resultado, temos um cânion com paredes verticais que chegam a 720 metros de altura.
Para conhecer essa maravilha da natureza, é preciso percorrer estradas de terra que ligam o Parque às cidades de Praia Grande e Cambará do Sul.
O Parque funciona de terça a domingo, das 8h às 17h, e oferece duas trilhas para os visitantes: Trilha do Vértice (1,5 km) e Trilha do Cotovelo (6 km), que devem ser iniciadas até as 15h. Não é obrigatório contratar condutor/guia para fazer as trilhas.
Cânion Fortaleza
O Parque Nacional da Serra Geral também abriga o Cânion Fortaleza, um vale profundo e estreito de 8 km de comprimento. Esse geossítio se formou pela ação da água e das rachaduras nas rochas vulcânicas da Serra Geral.
Do alto do Cânion, é possível ver as bordas da Serra, a planície litorânea e até a cidade de Torres em dias claros.
A vantagem deste passeio é que o acesso ao Cânion é livre todos os dias, das 08h às 18h. Há duas opções de trilha: a Pedra do Segredo, que leva à cachoeira do Tigre Preto, e o Mirante, que oferece uma vista panorâmica do Cânion e do litoral.
Jacinto Machado/SC
Morro Carasal
Outro geossítio situado no Geoparque Caminho dos Canyons do Sul é o Morro Carasal, que fica a 965 m de altura e separa as bacias dos rios Araranguá e Mampituba.
De lá, é possível ver e entender a paisagem, como as serras, a costa e as lagoas, especialmente a Lagoa do Sombrio. É, portanto, um ponto panorâmico que vale muito a pena conferir.
Para visitar o Morro Carasal, é preciso sair de Jacinto Machado e andar 20 km. A caminhada é de 3 km na ida, com subidas, campos e plantas. É melhor ir com condutores/guias locais para proteger o lugar e cuidar da segurança dos turistas.
Rio Tigre Preto
O Rio Tigre Preto é um geossítio do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul que permite conhecer o Cânion Fortaleza, uma impressionante formação geológica com quase 7 km de extensão.
A trilha segue o rio, que forma piscinas naturais ideais para o lazer. No caminho, se observam as rochas vulcânicas que compõem os paredões do cânion e os geodos coloridos que se encontram no leito do rio.
São 19 km de trilha a partir de Jacinto Machado e tem 3,4 km de ida, sendo 900 m em trilhas na mata e 2,5 km em trilhas molhadas no rio.
Para preservar o geossítio e garantir a segurança dos turistas, recomenda-se fazer a trilha com condutor/guia credenciado pelo ICMBio.
Mampituba/RS
Santuário de Nossa Senhora Aparecida
O morro de Nossa Senhora Aparecida é formado por rochas areníticas da Formação Botucatu e tem um valor religioso especial, pois possui um altar com a imagem da santa padroeira do Brasil. Muitos fiéis visitam o local em Mampituba, na comunidade de Vila Brocca, a 3,6 km do centro da cidade por conta disso.
Para chegar ao topo do morro, é preciso percorrer uma trilha de madeira com 272 metros de comprimento e subida íngreme.
Lá de cima, é possível admirar a beleza da Serra Geral e do Rio Mampituba, que emolduram a paisagem. O mirante oferece uma vista panorâmica e uma sensação de paz e gratidão.
Cachoeira dos Borges
Uma das principais atrações de Mampituba é a Cachoeira dos Borges, dentro do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul. Com cerca de 70 metros de altura, essa cachoeira oferece uma paisagem incrível da floresta nativa no vale do Rio da Invernada, e fica entre os morros Bicudo e Barbaquá.
Para chegar até a Cachoeira dos Borges, é preciso fazer uma trilha autoguiada de nível moderado, que dura em torno de 30-40 minutos. A trilha tem alguns obstáculos, como subidas, descidas, árvores caídas e pedras.
O esforço vale a pena, pois a cachoeira é um espetáculo à parte, rodeada por uma área de mata Atlântica conservada, perto do Parque Nacional de Aparados da Serra. Uma vez lá, os visitantes podem se banhar na cachoeira e na sua piscina natural.
Além disso, a entrada para a trilha custa R$ 15,00 por pessoa, o que faz dessa experiência uma opção acessível e memorável para os turistas.
Morro Grande/SC
Cachoeira do Bizungo
A Cachoeira do Bizungo é uma impressionante queda d’água de 100 metros, formada pela ação erosiva sobre rochas diferentes. Cada tipo de rocha reage de forma específica ao desgaste natural.
O que chama a atenção nesse geossítio é a singular junção sub-horizontal de duas unidades rochosas, com origens e idades geológicas distintas.
Localizada a 14,2 km do centro de Morro Grande, é preciso percorrer uma trilha que totaliza 3,4 km (ida e volta para este geossítio). Lembre-se que para proteger o local e garantir a segurança dos visitantes, é muito importante contar com o apoio de condutores/guias locais nessa aventura incrível.
Paleotoca Xocleng
Uma das atrações do projeto Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul é o geossítio Paleotoca Xocleng, onde se encontram três cavidades subterrâneas que somam mais de 100 metros de extensão.
Essas cavidades são chamadas de paleotocas e foram escavadas por animais pré-históricos, como preguiças gigantes e tatus, por exemplo. As paleotocas apresentam diferentes tamanhos, formas e ramificações, além de marcas de garras nas paredes.
É preciso percorrer cerca de 8 km (ida e volta) por estradas e trilhas na floresta, atravessando rios pelo caminho para chegar a este geossítio.
O Xocleng fica a 18 km do centro de Morro Grande e é um patrimônio natural que precisa ser preservado. Por isso, é aconselhável fazer a visita com o acompanhamento de condutor/guia local, que podem orientar e garantir a segurança dos visitantes.
Praia Grande/SC
Cânion Malacara
O Cânion Malacara é um geossítio do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul que oferece uma trilha molhada pelo vale aberto do rio Malacara. A trilha tem 2 km de extensão e termina no Poço da Figueira, onde há piscinas naturais para os visitantes.
Durante o passeio, é possível observar os seixos rolados do rio e as rochas vulcânicas da região, que contêm geodos de vários minerais. É um dos melhores lugares para praticar canionismo, para quem for adepto às aventuras radicais.
O geossítio fica a cerca de 6 km do centro de Praia Grande, na direção da Vila Rosa. É uma experiência única que requer a orientação de condutores/guias cadastrados no ICMBio, para preservar o local e garantir a segurança dos visitantes na trilha do Malacara.
Rio do Boi
O Geoparque Caminho dos Canyons do Sul também contempla a trilha do Rio do Boi, que percorre 8,6 km (ida e volta) dentro do geossítio e permite explorar o Cânion Itaimbezinho.
Nessa aventura, o visitante caminha entre as rochas vulcânicas esculpidas pelo rio Pavão e observa vestígios histórico-culturais da região, como muros de taipa e um antigo engenho de cana-de-açúcar.
A trilha fica a 10 km de Praia Grande e exige o acompanhamento de condutor/guia credenciado no ICMBio, que garante a preservação e a segurança do local. Além disso, a trilha tem capacidade para 132 visitantes por dia, divididos em grupos de até 12 pessoas por condutor/guia.
Timbé do Sul/SC
Cachoeira da Cortina
Uma das atrações naturais de Timbé do Sul é a Cachoeira da Cortina, que se forma pela erosão diferencial das rochas vulcânicas.
Essas rochas apresentam zonas de menor resistência, como vesículas, amigdalas e fraturas, que são mais facilmente desgastadas pela água. Dessa forma, a base da cachoeira vai recuando, enquanto a parte superior fica sem apoio e acaba se desprendendo em blocos.
A altura da queda d’água é de aproximadamente 40 metros. Para chegar ao local, é preciso percorrer uma trilha de 2,6 km (ida e volta), partindo de um ponto situado a 10,8 km do centro da cidade.
Toca do Tatu
Uma paleotoca de 48,5 metros, chamada de Toca do Tatu, se encontra nos arenitos da formação Botucatu, dentro do Geoparque Caminho dos Canyons do Sul. Ela tem dois túneis que se juntam em uma câmara maior.
Pesquisas mostraram que sua forma interna e as pegadas de garras nas paredes sugerem que ela foi feita como um refúgio, possivelmente por preguiças gigantes no Cenozóico.
Também há vestígios de grafismos rupestres com mais de 7 tipos diferentes e esculturas em baixo relevo, que indicam que povos pré-Colombianos usaram o abrigo depois.
Para chegar na paleotoca, é preciso fazer uma trilha de 3,5 km (ida e volta) pela mata ao lado do rio Rocinha, a 7,3 km de Timbé do Sul.
O terreno é irregular, por isso é necessário um condutor/guia para visitar esse geossítio, que integra a Trilha do Palmiro, onde há também o rio Rocinha, piscinas naturais e cachoeiras.
Torres/RS
Parque Estadual do Itapeva (PEVA)
O Parque Estadual do Itapeva, criado em 2002, é uma área de preservação ambiental na planície costeira do RS. Ele se destaca pelo seu campo de dunas de 4 km, cercado por rochas da Formação Serra Geral.
A vegetação do parque é diversa, com restinga, campos, banhados, turfeiras e Mata Paludosa. Para conhecer o parque, é preciso fazer uma trilha guiada por um profissional da SEMA – RS, órgão responsável pela gestão da unidade.
As visitas devem ser marcadas com antecedência pelo telefone (51) 3626.3561 ou pelo e-mail [email protected].
Parque Estadual José Lutzenberger
Entre as atrações geológicas de Torres, destacam-se o Parque Estadual José Lutzenberger, o Parque da Guarita e o Morro do Farol. Esses locais apresentam falésias vulcânicas que se encontram com o mar, sofrendo a erosão das ondas.
Nessas formações, é possível ver os contatos entre o arenito da Formação Botucatu e as rochas vulcânicas da Formação Serra Geral. Em alguns pontos, há Peperitos, que são frutos da interação entre areias de um antigo deserto e lavas vulcânicas.
O Parque da Guarita abre todos os dias, das 8h30 às 17h30 na baixa temporada e das 8h às 20h na alta temporada. Pedestres não pagam entrada, mas veículos pagam R$ 10,00, exceto os de Torres, que são isentos. Já o Morro do Farol tem acesso livre.
Por que o Geoparque Caminho dos Canyons do Sul é importante?
O Geoparque Mundial Caminho dos Canyons do Sul desempenha um papel crucial em várias dimensões. Em primeiro lugar, ele é uma janela para o passado, permitindo-nos entender a evolução geológica da Terra e a história de suas antigas civilizações.
Além disso, promove a conservação da biodiversidade, contribuindo para a preservação de ecossistemas únicos.
Este geoparque também é um ímã para o turismo sustentável, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento econômico das regiões envolvidas.
Em suma, o Geoparque Mundial Caminho dos Canyons do Sul é de um valor imensurável que combina história, geologia, cultura e natureza de maneira espetacular. Portanto, convidamos você a embarcar nessa jornada e a descobrir por si mesmo a grandiosidade deste lugar incrível.
Conclusão
Você conferiu neste artigo as maravilhas do Geoparque Mundial Caminho dos Canyons do Sul, seus municípios e os geossítios que o compõem. Além disso, destacamos seu papel na preservação da história geológica e cultural, bem como no estímulo ao turismo sustentável.
Agora é sua vez de se aventurar por esses caminhos deslumbrantes. E caso você já conheça alguns dos geossítios citados neste artigo, deixe um comentário compartilhando suas impressões. Até a próxima!