Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul

Características geológicas dos cânions de Praia Grande/SC

Que a Praia Grande/SC é a capital dos cânions, isso todo aventureiro sabe. Mas quais serão as características geológicas dos cânions de Praia Grande/SC que resultaram nesse belíssimo cenário?

No artigo de hoje, vamos explorar o papel da geologia, o Geoparque Mundial – responsável por abranger a Praia Grande e outros seis municípios –, e destacar a formação dos cânions.

Você vai entender a importância de conhecer as características geológicas para que a sua aventura nos cânions de Praia Grande/SC seja ainda mais proveitosa.

Acompanhe!

Características geológicas dos cânions de Praia Grande/SC

As características geológicas dos cânions de Praia Grande revelam milhões de anos de história geológica, marcados por processos erosivos e sedimentares.

Além de sua geologia única, a região abriga uma biodiversidade exuberante de fauna e flora, adaptadas a esse ambiente singular.

Mas, para a compreensão geral das características geológicas, vamos destacar dois pontos importantes a seguir: o Geoparque Mundial da UNESCO e o geoturismo de Praia Grande.

Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul

Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul
Fonte: Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul

O Geoparque Mundial da UNESCO Caminhos dos Cânions do Sul está localizado na Região Sul do Brasil, englobando os extremos sul de Santa Catarina e nordeste do Rio Grande do Sul.

Esse território único é formado por um consórcio intermunicipal que abrange sete municípios, a saber:

Santa Catarina

  • Praia Grande
  • Jacinto Machado
  • Timbé do Sul
  • Morro Grande

Rio Grande do Sul

  • Cambará do Sul
  • Mampituba
  • Torres

A região é marcada por uma história geológica que remonta a aproximadamente 250 milhões de anos. Nesse tempo, a região registrou episódios de preenchimento da bacia do Paraná e seu vínculo com o rompimento do supercontinente Gondwana e a abertura do Oceano Atlântico Sul.

Os principais atrativos desse Geoparque são os cânions, localizados na Serra Geral, limitando o planalto e a planície costeira. Com desníveis impressionantes de até 1000 metros, essas formações estão a menos de 50 quilômetros do mar.

Além disso, a região apresenta uma exuberância de patrimônio natural, com inúmeras quedas d’água, piscinas naturais, lagoas, rios, praias e campos de dunas.

Também é possível encontrar paleotocas, abrigos escavados por animais extintos que viveram há mais de 10 mil anos, e um rico patrimônio cultural, com influências indígenas, quilombolas e das culturas dos imigrantes açorianos, alemães e italianos.

Neste artigo, porém, vamos nos concentrar apenas nas características geológicas dos cânions de Praia Grande/SC.

O geoturismo em Praia Grande/SC

O Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul é um projeto que visa valorizar e preservar o patrimônio geológico e cultural da região, através do geoturismo e da educação ambiental.

O geoturismo consiste em atividades que exploram os fenômenos naturais do território, com base na informação científica. O projeto busca o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida dos moradores locais, respeitando as leis e as comunidades.

Não é à toa que o Geoparque é reconhecido pela UNESCO como um Geoparque Mundial, o que demonstra o seu compromisso com a conservação e a promoção da riqueza da região.

Finalmente, as características geológicas dos cânions de Praia Grande/SC

Trilha do Rio do Boi
Fonte: 1vida1000lugares/ Blog de viagem (Flickr)

A Geologia é a ciência que estuda as rochas e sua evolução ao longo da história do planeta. E os cânions em Praia Grande/SC apresentam um rico acervo de características geológicas e geomorfológicas.

Nesse sentido, o papel dos geólogos é interpretar, nas rochas, aspectos como:

  • Época da formação;
  • O ambiente em que se originaram;
  • Os seres vivos que habitavam;
  • A possibilidade de vida naquele período.

Foi descoberto, por exemplo, que a região dos cânions está relacionada à entidade geológica chamada Bacia do Paraná. Essa foi uma grande depressão que abrangia uma parte significativa da América do Sul, há milhões de anos.

As rochas sedimentares e vulcânicas que compõem a Bacia têm uma espessura de mais de 6.000 metros e abrangem idades de 465 Ma até 65 Ma.

Esses cânions são delimitados por formações rochosas como a Formação Rio do Rasto, com camadas tabulares de rochas argilosas e arenosas, e a Formação Botucatu, constituída por dunas de areias eólicas, além de depósitos vulcânicos ácidos do Grupo Serra Geral.

Entenda um pouco mais sobre cada um deles:

Formação Rio do Rasto

A Formação Rio do Rasto é composta por um conjunto de rochas com coloração vermelha, bordô e vermelho amarelada. Essas rochas ocorrem na forma de camadas tabulares, intercaladas com rochas arenosas finas a argilosas.

Essa disposição confere à formação uma morfologia típica, com reentrâncias nas rochas argilosas e promontórios nas camadas mais resistentes.

A formação possui dois pacotes distintos: o inferior, constituído por arenitos finos intercalados com rochas argilosas em diversas cores, e o superior, caracterizado por lentes espessas de arenitos avermelhados, intercalados com siltitos e argilitos arroxeados.

Além disso, há variações de cores como verde, chocolate, amareladas e esbranquiçadas.

Essas rochas tiveram sua formação em lagos, planícies aluviais e mares rasos. Com o tempo, os sedimentos foram depositados em planícies costeiras e deltas fluviais.

Os fósseis encontrados nessa formação ajudam a determinar a época em que ela se formou, que foi durante o Permiano Superior e o Triássico Inferior. Esse período foi marcado por uma grande extinção de vida no planeta.

Formação Botucatu

As rochas sedimentares da Formação Botucatu ocorreram em um ambiente desértico, entre o Jurássico Superior e o Cretáceo Inferior, aproximadamente de 240 a 160 milhões de anos atrás.

Nessa época, dunas de areias eólicas semelhantes ao deserto do Saara, na África, dominavam a região.

Também há depósitos de rochas com grãos de tamanho mais grosseiro, como conglomerados e arenitos conglomeráticos, relacionados à presença de sistemas de drenagem efêmeras que cortavam o deserto.

Após o início do vulcanismo, finos depósitos vulcânicos foram intercalados com as camadas da Formação Botucatu, como basaltos, andesitos e riolitos. Esse período marca a transição entre os sedimentos desérticos e os eventos vulcânicos que se iniciavam.

Nos arenitos da Formação Botucatu, nas encostas dos cânions, é possível encontrar abundantes registros de icnofósseis, como as Paleotocas e crotovinas. Essas estruturas são de origem biogênica, feitas por vertebrados, e representam locais de moradia.

Grupo Serra Geral

O Grupo Serra Geral é composto por rochas vulcânicas relacionadas à Província Magmática Paraná-Etendeka. Trata-se de um dos maiores eventos de vulcanismo fissural continental registrado no Cretáceo Inferior, há cerca de 120 milhões de anos.

As sequências vulcânicas podem atingir até 1200 metros de espessura e são caracterizadas por diversos eventos de derrames com limites tabulares e espessuras variadas.

Nas encostas dos cânions, a Formação Torres, constituída principalmente por campos de derrames de basalto, forma a base dos cânions.

Em seguida, na porção intermediária, os derrames apresentam composição de andesitos basálticos, conhecidos como Formação Vale do Sol.

O ápice do magmatismo resultou na formação de depósitos vulcânicos ácidos, com dacitos, riodacitos e camadas de vidros vulcânicos.

Além disso, o magmatismo coincidiu temporalmente com o início da abertura do Oceano Atlântico Sul, dando origem aos continentes africano a leste e americano a oeste.

A formação dos cânions

A escarpa da Serra Geral é um dos maiores acidentes geomorfológicos do Brasil. Isso porque a região dos cânions passou por processos geológicos que resultaram em sua atual morfologia de vales profundos, cachoeiras e paredões rochosos.

Tais processos incluem a ação dos agentes naturais, como a água e a erosão, que ajudou a esculpir essa paisagem única ao longo de milhões de anos.

A composição química das rochas, sua resistência ao intemperismo e a presença de fraturas geológicas são fatores que influenciaram na formação dos cânions. Além disso, o clima úmido na região contribuiu para a criação de solos rasos e propensos a movimentos de massa.

Assim, a compreensão das características geológicas e geomorfológicas dos cânions de Praia Grande/SC e de toda a região, é fundamental para a preservação desse patrimônio natural e cultural.

Ademais, também é importante para o desenvolvimento sustentável da região e o fomento ao turismo responsável e consciente.

Resumindo as características dos cânions de Praia Grande/SC

  • Os cânions de Praia Grande/SC apresentam um rico acervo de características geológicas e geomorfológicas.
  • A região está relacionada à entidade geológica chamada Bacia do Paraná, com rochas sedimentares e vulcânicas de até 6.000 metros de espessura e abrangendo idades de 465 Ma até 65 Ma.
  • A Formação Rio do Rasto ocorreu em ambientes de lagos, planícies aluviais e marinhos rasos.
  • A Formação Botucatu é resultado de um ambiente desértico com dunas de areias eólicas e presença de icnofósseis.
  • O Grupo Serra Geral é uma sequência vulcânica com derrames de basaltos, andesitos e riolitos, coincidindo com a abertura do Oceano Atlântico Sul.
  • A formação dos cânions ocorreu devido a processos geológicos, agentes naturais como a água e a erosão, e influência da composição química das rochas e fraturas geológicas.

Por que a Praia Grande tem esse nome se o local não tem praias?

Bem, Praia Grande, em Santa Catarina, pode não praias como conhecemos, ou seja, “praias de mar”, mas beiras de rio e beiras de lagoa também podem ter “praias”.

Para entender a origem do nome, vamos retornar ao passado, à era dos tropeiros, aqueles corajosos viajantes que enfrentavam difíceis trajetos nas montanhas. Quando observavam os leitos dos rios, algo surpreendente acontecia.

Em certas épocas do ano, esses rios ficavam tão baixos e secos que revelavam uma extensa área de terra, cheia de pedras e areia, ou seja, uma autêntica praia no interior de Santa Catarina.

Diante dessa visão incomum, os tropeiros encontraram um ponto de referência notável. Eles começaram a chamar esse local de “Praia Grande”. E, apesar da ausência de mar nas proximidades, o nome permaneceu com boa razão.

Com o passar do tempo, a região prosperou e se modificou. Entretanto, o termo “Praia Grande” persiste como uma memória dos tempos cativantes e difíceis dos tropeiros, em meio às revelações inesperadas da natureza.

Conclusão

Cânion Malacara
Fonte: Jose Baptista (Flickr)

Em síntese, os cânions de Praia Grande/SC cativam os aventureiros e amantes da natureza por suas características geológicas únicas.

Essas formações imponentes contam uma história milenar e oferecem vistas que encantam os olhos e tocam a alma. Mas para uma experiência completa e segura, é essencial conhecer as informações práticas e contar com condutores/guias locais experientes.

Seja você um estudante de geologia ou um aventureiro destemido em busca de paisagens deslumbrantes, os cânions de Praia Grande prometem uma jornada inesquecível.

Portanto, aventure-se nessa riqueza natural e venha conhecer os cânions de Praia Grande/SC em seu próximo roteiro de viagem!

Tiago da Rosa Duarte
Tiago da Rosa Duarte

Gestor da Pousada Recanto dos Canyons que é de propriedade de meus pais, Isaías e Márcia.

Na pousada temos o objetivo que cada hóspede viva uma experiência incrível, que começa desde a negociação da reserva, vai até o check-in, o durante a estadia, check-out e até o hóspede chegar em casa.

Gosto muito de conversar, principalmente sobre a nossa região, onde explico com o coração , com muito amor pela nossa cidade, e também de estar envolvido em todas as atividades turísticas da região, conselho municipal de turismo, associações de guias, pousadas, etc

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